quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ode ao Frade

Toda vez que eu chego em casa, chego em casa
Há algo que só eu vejo, só eu percebo
Uma presença, uma energia, um desejo dessa terra
Que ao longo do tempo se esvai, mas não se encerra
Um chamado, um alguém que grita e chora
E só eu escuto, o resto... ignora
E como o resto ignora, ignoro todo o resto
Permanecendo firme em meu protesto
As vezes a passos curtos, as vezes desembesto
Mas tendo sempre esta voz como maestro
Seria o pico do frade, raiz arranha-céu?
Repousando em seu leito, usando nuvens como véu
Gerador de mitos como seu irmão Olympus, parece sereno
Mas não é o que a voz me diz, nem mesmo o que estou vendo
Na verdade repousa em seu leito aos prantos
Resmunga a realidade para todos os santos
Sente sua ferida aberta que não sara
Quando olha aos seus pés a destruição da cultura caiçara
Que ele mesmo criou como prole com toda devoção
Como um veneno de um só gole, destruída sem pedir permissão
Agora sua voz chega a apenas um ouvido
Toda dor escutada apenas por um bobo distraído
E pede, como um moribundo pede para ter a cura
Para que restaure a vila de paz, paraíso e ternura
E quando o sussurro se vai já com pouca esperança
De salvar a natureza e a cultura que nos deixou de herança
Eu escrevo esse verso qualquer com uma triste história
Espero que alguém se inspire, compartilhe a minha luta... e talvez a nossa glória.

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