quinta-feira, 28 de abril de 2011

Bondade






Neste post vamos tratar sobre um assunto extremamente complexo, talvez até um conceito surreal... a bondade.

Vou começar essa idéia com uma parábola... a do monge e da vaca:




Era uma vez, numa terra distante, um sábio chinês e seu discípulo. Certo dia, em suas andanças, avistaram ao longe um casebre. Ao se aproximar, notaram que, a despeito da extrema pobreza do lugar, a casinha era habitada.

Naquela área desolada, sem plantações nem árvores, viviam um homem, uma mulher, seus três filhos pequenos e uma vaquinha magra e cansada. Com fome e sede, o sábio e o discípulo pediram abrigo por algumas horas. Foram bem recebidos. A certa altura, enquanto se alimentava, o sábio perguntou:

- Este é um lugar muito pobre, longe de tudo. Como vocês sobrevivem?
- O senhor vê aquela vaca? Dela tiramos todo o nosso sustento - disse o chefe da família.
- Ela nos dá o leite, que bebemos e também transformamos em queijo e coalhada. Quando sobra, vamos à cidade e trocamos o leite e o queijo por outros alimentos. É assim que vivemos.

O sábio agradeceu a hospitalidade e partiu. Nem bem fez a primeira curva da estrada, disse ao discípulo:
- Volte lá, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali em frente e atire-a lá pra baixo.
O discípulo não acreditou.
- Não posso fazer isso, mestre! Como pode ser tão ingrato? A vaquinha é tudo o que eles têm. Se eu jogá-la no precipício, eles não terão como sobreviver. Sem a vaca, eles morrem!
O sábio, como convém aos sábios chineses, apenas respirou fundo e repetiu a ordem:
- Vá lá e empurre a vaca no precipício.

Indignado, porém resignado, o discípulo voltou ao casebre e, sorrateiramente, conduziu o animal até a beira do abismo e o empurrou.
A vaca, previsivelmente, estatelou-se lá embaixo.
Alguns anos se passaram e durante esse tempo o remorso nunca abandonou o discípulo. Num certo dia de primavera, moído pela culpa, abandonou o sábio e decidiu voltar àquele lugar. Queria ver o que tinha acontecido com a família, ajudá-la pedir desculpas, reparar seu erro de alguma maneira.

Ao fazer a curva da estrada não acreditou no que seus olhos viram. No lugar do casebre desmazelado havia um sítio maravilhoso, com muitas árvores, piscina, carro importado na garagem, antena parabólica. Perto da churrasqueira, estavam três adolescentes robustos comemorando com os pais a conquista do primeiro milhão de dólares. O coração do discípulo gelou. O que teria acontecido com a família? Decerto, vencidos pela fome foram obrigados a vender o terreno e ir embora. Nesse momento, pensou o aprendiz, devem estar mendigando em alguma cidade. Aproximou-se, então do caseiro e perguntou se ele sabia o paradeiro da família que havia morado lá há alguns anos.

- Claro que sei. Você está olhando para ela! - disse o caseiro, apontando as pessoas ao redor da churrasqueira.

Incrédulo, o discípulo afastou o portão, deu alguns passos e, chegando perto da piscina, reconheceu o mesmo homem de antes, só que mais forte e altivo, a mulher mais feliz, as crianças, que havia se tornado adolescentes saudáveis. Espantado, dirigiu-se ao homem e disse:

- Mas o que aconteceu? Eu estive aqui com meu mestre uns anos atrás e este era um lugar miserável, não havia nada. O que o senhor fez para melhorar tanto de vida em tão pouco tempo?

O homem olhou para o discípulo, sorriu e respondeu:
- Nós tínhamos uma vaquinha, de onde tirávamos nosso sustento. Era tudo o que possuíamos, mas um dia ela caiu no precipício e morreu. Para sobreviver, tivemos que fazer outras coisas, desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos. E foi assim, buscando novas soluções, que hoje estamos muito melhor que antes...




Como se pode perceber, a parábola mostra que a bondade talvez não esteja na atitude mais obvia e sim em algo mais complexo, ou seja, menos sentimento e mais razão. E é nesse âmbito que tentamos trabalhar, chegar a um bom resultado mesmo que os meios não sejam tão gloriosos (clichê Maquiavel eu sei...). Poderia dizer então como um cientista que a bondade é apenas um instinto desenvolvido por nossa espécie de proporcionar algo de bom ao próximo para facilitar a vida em sociedade, porem na minha opinião a bondade se estende alem disso, passa da gratificação instantânea do próximo e se torna algo maior, objetivando ações para a natureza, para as próximas gerações e para o mundo, pois a nossa espécie não é mais importante que as outras, a geração atual não é mais importante que as próximas e nossos entes próximos, família, amigos e até mesmo nossa nação não é mais importante que o resto do mundo.

Tendo estes pontos de vista em mente, nos vem uma percepção de bondade menos emotiva e mais racional, fazendo não só aceitável, mas sim uma obrigação a pratica de quaisquer meios para salvar a natureza, melhorar a vida da humanidade como um todo, também para essa, mas principalmente para as próximas gerações.





Um comentário:

  1. Gostei mt dessa parábola, nunca havia lido ela e achei realmente mt foda!

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